Em Busca do Orgasmo Auditivo
A volta dos solos de guitarra, a obsessão por ASMR e os “Parques do Silêncio” mostram que o ouvido ainda pulsa em um mundo dependente químico de telas.
Olá! Meu nome é Vivian Caccuri, sou mestre em Estudos do Som Musical pela UFRJ e artista plástica. Escrevi o livro “O que Faço é Música” e um capítulo do livro Making it Heard: A History of Brazilian Sound Art. Este ano também colaborei em duas publicações do curador Hans Ulrich Obrist: Entrevistas Brasileiras vol.II e o Remember Nature.
Nesta edição
Dois podcasts que produzi, muitos links para provocar um orgasmo auditivo e o cantor com os melhores videoclipes dos últimos anos.
Nasce minha segunda empresa
Atrasei essa edição já que o tempo que eu dedico pra escrever, investi no lançamento da minha nova empresa 0SS0. Somos um estúdio de trilhas sonoras que já tem um currículo sólido considerando que acabamos de nascer. Ganhamos inclusive o prêmio de melhor trilha sonora de curta metragem no Festival de Brasília com o filme Alfazema de Sabrina Fidalgo. Dá uma olhada no site que o aarea projetou para nós com o design e marca lindos do multi-talentoso Akin Deckard. 2022 promete e fale comigo se você quiser nos conhecer melhor!
Normalidade, é você?
Não sei vocês, mas estou sentindo a felicidade voltar pro meu coraçãozinho detonado. Simplesmente poder encontrar de novo as pessoas e ir pra uma festa ou outra, faz a realidade ficar menos pesada mesmo em meio a tantas perdas de artistas que mudaram o Brasil.
E foram esses dois anos de limbo que eu considero os responsáveis por popularizar ainda mais os podcasts e o ASMR na nossa busca desesperada por fugir da solidão e por algum prazer sensorial que não custe um milhão de dólares. Até eu, que não ouço podcasts, produzi dois através da 0SS0.
Esse foi encomendado pelo Goethe Institute e a revista/plataforma suiça Norient para que eu fizesse uma representação auditiva e musical do Rio de Janeiro. Foi uma das composições e produções musicais mais difíceis que já fiz, já que a proposta do etnomusicólogo Thomas Burkhlater é justamente unir os dois lados do cérebro: transmitir uma sensação de ser e estar no Rio de Janeiro com depoimentos verbais e MUITA música.
O segundo podcast seguiu uma linha musical parecida (figura e fundo se confundindo) onde entrevistei filósofos, curadores e artistas para debater conceitos criados pelo artista alemão Joseph Beuys. Peguei frases importantes que eles mencionam na entrevista e conduzi um coral de quatro pessoas para que repetissem essas palavras e dessem uma espécie de resposta cantada. Foi uma tentativa de trazer algum tesão e fisicalidade pra um debate cabeção.
Que a libido esteja com você
Essa minha saída da prisão anti-social que foram esses dois últimos anos coincidiu com uma vontade de ouvir mais solo de guitarra do que trap e hip-hop, mais música over e dramática e menos climão cool pra dar close, álbuns que não só ficam cozinhando os ânimos mas que explodem as sensações auditivas em melodias, vozes e texturas com mais agressividade. Acho que o clipe Kerosene! de Yves Tumor explica bem a sensação que estou buscando. Pra mim é um dos melhores clipes dos últimos tempos:
Há um mês atrás almocei com a Juli Baldi do Bananas Music Branding e falamos exatamente disso: a volta do rock é um fato cultural já bastante escancarado e quantificado (aliás Brasil, essa mulher é uma coisa absurda, ô glória).
Adorei também a explicação do Tenho Mais Discos que Amigos e do Ouviu para esse renascimento:
Links para atingir o orgasmo auditivo
Se você ainda não sabe o que é ASMR leia: Para aliviar isolamento, driblar insônia ou apenas ter prazer, ‘sons para relaxar’ se tornam fenômeno pop.
Leia a explicação científica para como você pode ser um “orgasmo auditivo” aqui: The Strange Phenomenon of Musical ‘Skin Orgasms’
Eu simplesmente pirei com esses speakers feitos especialmente para ASMR e terapia sonora.
Apesar do mundo inteiro parecer estar gozando com fones de ouvido, eu não consigo suportar sussurros e os sons típicos do ASMR. Pra mim esses sons me enlouquecem e me dão vontade de gritar e sair correndo. Fiquei aliviada de saber que eu não sou a única!
Imagine passar alguns dias em um lugar onde todos os sons são maravillhosos? Agende uma visita em um “parque do silêncio”. O Quite Parks International é uma iniciativa que certifica parques que preservam o silêncio como patrimônio natural.
É isso minha gente, coragem que dezembro está aí. Sacode a poeira e termina esse ano com todas as partes do corpo no lugar!
Beijo enorme,
Vivian Caccuri
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