Encontrando silêncio na cidade
Ansiedade, falta de foco e até depressão podem ser culpa de sons errados.
Oi gente, tudo bem? aqui mais uma edição da minha newsletter!
Não foi um mês fácil pra ninguém no Brasil, eu imagino. Por aqui, foi uma mistura de tentar compensar as notícias ruins do país, com notícias boas no plano pessoal e o de amigues. E como vocês passaram esse último mês? Me mande uma mensagem !
Nesta edição
Ideias para desintoxicar a mente com a ajuda de sons (ou de silêncio) e dois livros que acabaram de lançar.
Hans Ulrich Obrist
Contribui para duas publicações do Hans Ulrich Obrist que acabaram de ser lançadas! Tive uma conversa ótima com ele que foi publicada em “Entrevistas Brasileiras vol. 2”, da editora Cobogó. A outra, é uma publicação internacional da editora Penguin que se chama “Remember Nature”, uma coleção de ideias, poemas, desenhos, para que a gente restaure nossa relação com a natureza a partir de gestos muito simples. A ideia que eu mandei para Hans Ulrich é ouvir os mosquitos com mais atenção.
O problema que é viver em cidades barulhentas
Imagine que nosso cérebro possui cordas que vibram naturalmente em uma frequência, e existem frequências melhores do que outras, especialmente para cérebro e para tudo que ele nos proporciona: concentração, emoções, sensações. O mundo exterior tem muita influência sobre esse equilíbrio. Ruídos, máquinas, antenas e gadgets podem perturbar as frequências cerebrais ou até mesmo trazer consequências físicas mais graves. Por exemplo, ruídos desse tipo estão associados a menor expectativa de vida em alguns animais nesse estudo.
O ruído acompanha a desigualdade social nas cidades
Silêncio e sons bonitos em centros urbanos é um privilégio para poucos. Quem pode morar em uma casa num bairro com árvores, montanhas e animais ou vedar acusticamente suas janelas, com certeza vai ter mais chances de relaxar pelos ouvidos do que aqueles vivem em comunidades, e até mesmo em apartamentos de classe média. Clique aqui para ler o estudo completo.
Primeiro de tudo, é legal entender se o seu ambiente tem características sonoras que podem te levar a ficar irritadx, perturbadx ou até deprimidx. Pra isso, baixe o app Decibel X (gratuito no Android e iPhone) e teste seu local de trabalho ou onde dorme (a foto acima é meu resultado).
O nível de ruído máximo aceito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 50db. Na minha opinião, esse nível de ruído é bem questionável. Se eu tenho uma média de 46.9db em uma janela (o que já é um luxo), significa que estou exposta a ruídos muito piores, mesmo que por alguns segundos, o que já é suficiente para ter interrupções de concentração e de sono. Por isso, enquanto ainda não tomo coragem de ir morar em algum lugar mais afastado, compartilho algumas formas de contornar o problema.
o som da natureza
Estar imerso no som da natureza proporciona um nível de satisfação similar a de um aumento de salário, é o que diz esse estudo.
Por isso, se você tem a oportunidade de passar uma hora por dia em um local sem ruídos urbanos e próximo da natureza, além de você se sentir mais ryca, já é um favor enorme que você está fazendo para sua saúde.
Bloqueios físicos
Nem sempre a gente tem o tempo ou o lugar para estar mais próximx aos sons da natureza. E eu não curto simplesmente ouvir uma gravação de sons de floresta, pra mim não funciona. Por isso, algumas estratégias para tentar enganar o cérebro:
1) Fones de ouvido com cancelamento de ruído. Caro, mas vale a pena. Mais detalhes aqui.
2) Plugs de ouvido. Eu sou adepta de protetores auriculares há anos. É preciso muito cuidado, higiene e seguir as indicações de uso porque pode ser perigoso SIM. Quando eu usava plugs moldáveis de silicone, acabei parando no otorrino para retirar um pedaço que ficou dentro do meu ouvido. Depois disso, só uso os de espuma da MACK’s que reduzem ruído até 30dbs. Neste site incrível tem vários tipos: https://www.protetorauricular.com.br/
Junte o som à emoção
Na minha experiência, esse é o método mais eficaz por ser uma abordagem mais completa para curar a perturbação sonora. São maneiras que encontrei de tratar tanto as emoções, a ansiedade e as frequências cerebrais todos de uma vez:
1) Aprenda a tocar um instrumento musical acústico ou cante. Não existe nada mais terapêutico que isso.
2) Leia um livro com fone de ouvido e ouças músicas que ajudem a concentrar. Eu fiz essa playlist que atualizo sempre com músicas que me relaxam. Eu acho importante não ser brega ou hiper sentimental, porque afinal cringe é inimigo do relaxamento também. Eu adoro ouvir também música debaixo do chuveiro, concentrando no som da água.
3) Jogue video game com fones de ouvido. Obviamente não estou falando de jogos de violência, ou que são estressantes, barulhentos e muito agitados, apesar de que algumas pessoas se sentem muito relaxadas depois de “descontar a raiva” (olha isso). Eu prefiro games contemplativos, que são bonitos e que tem ótimas trilhas sonoras pra criar o mood escapista perfeito. Esses são meus preferidos do momento que podem ser jogados também no computador:
Embracelet : uma jornada por uma ilha no Norte da Noruega, onde o protagonista precisa desvendar mistérios do passado de sua família. Segue a linha de “games ecológicos” que requerem pouco processamento e gastam menos energia. A trilha me lembra Ryuichi Sakamoto, é linda e emocionante.
Dear Esther: uma história que vai se desmembrando de forma única para cada pessoa que joga. Com paisagens de tirar o fôlego inspiradas no País de Gales, as minhas preferidas são as cavernas, e tudo mais lindo ainda com a trilha sonora da Jessica Curry.
Abzû : mergulhe em um lugar lindo com corais, tartarugas, baleias. Interaja com peixes e outros seres e desvende as mitologias escondidas nas ruínas. Acho especialmente relaxante porque a gente se sente na gravidade da água de verdade. A música é orquestral, e tudo nesse jogo é deslumbrante.
Tenham um ótimo mês, amigos!
beijo enorme,
Vivian Caccuri
Amei :)